sábado, 11 de novembro de 2006

[conto]...Um último adeus...

um conto de minha autoria ^^ espero q gostem e por favor comentem sobre, eh importante pra mim ^^ pra que eu possa melhora-los sempre! depois de ler Noite na Taverna eu escrevi esse conto, por isso pode ter bastante inspiração em Alvares de Azevedo ^^ q alias eh meu autor brasileiro favorito *.*

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...Um último adeus...


O vinho estava por se acabar. Ele olhava para aquele líquido rubro, celebrando um último brinde... Para os seus sonhos, que lhe iludiram e para todo o resto de esperança que lhe restava. Uma ultima saúde! Antes do abandono do copo vazio na mesa.

Deixou algumas moedas sobre a mesa, levantando-se e apanhando a case de seu instrumento. Deixando a taverna, abandonava apenas a marca de uma lágrima sobre o antigo chão de madeira.

A noite ia cada vez mais fria, a lua sumira no céu entre as muitas nuvens e a chuva caía a gotas pesadas naquele céu sombrio. Apenas ele poderia sentir nas faces as abundantes lágrimas que caiam junto à chuva. Apenas as lembranças fulguravam naquela alma dilacerada.

Lembrava que em várias noites anteriores, seu vulto movia-se nas sombras de um determinado jardim de uma das mais grandiosas mansões de Viena, a penumbra fazia com que não se notasse aquela presença. Enquanto ele percebia, no segundo piso, no quarto... Uma bela moça fitava a noite sobre a sacada. Parecia-lhe abatida. Não poderia imaginar o que aborreceria aquela delicada donzela, e pensar nisso lhe trespassava a dor, podia ouvir a brisa ecoar os soluços daquela jovem. A partir de então, todas as suas noites eram preenchidas a acompanhar a insônia daquela senhorita.

Sim! Ele a amou... Mas ela não o conheceu... Nesta noite ela partiu... Partiu, deixando-lhe a ânsia nos lábios, queimando a favor dos seus. Partiu. Mas sua lembrança ficou. Como o fantasma de um mau anjo a lhe atormentar.

_Farei a ti, ó minha amada... Uma ultima homenagem – Faces úmidas, em um choro frenético, um gemer insano. Sua voz soava sombria.

Adentrou a morada de sua adorada, procurando onde se encontrava aquele corpo bem querido, aquela alma tão apreciada que partiu sem uma breve despedida. Correu pelos corredores desertos da antiga mansão, passou pelo pátio central e percorreu o soturno mausoléu da família... Observou as cruzes entre as janelas cerradas, nunca abertas, e os santos de barro a velar o sono dos mortos. Notou que a última porta estava aberta, aproximando-se vagarosamente a observar de quem era aquele sepulcro fúnebre.Viu sua dama dormir junto às flores no leito da morte.

Olhos em lágrimas, o véu da morte cobrira o anjo. Certamente o céu pedia com ânsia o retorno daquele ser. Ele lamentava, beijava os lábios que tanto quis, agora gélidos pelo brio cadavérico, acariciava e observava seu semblante pálido.

_Meu Deus! Meu Deus! Por que tamanho sofrer sobre mim? Por que levastes esta vida? Condenando-me assim a maldição eterna! Por que não me levastes junto a esta flor? Manchastes minha alma com o sabor da morte... Não há mais vida em mim... Ó Deus... Ó Deus meu...

Beijava os lábios azulados, sentindo que sua vida evaporava entre os beiços da amante. Talvez, ao sentir o frio daquele corpo assombrado poderia esvair-lhe também a vida! Mas o peso do sono eterno afligia apenas aquela jovem, aquelas pálpebras que se fecharam, não voltariam a contemplar o raiar de um novo dia.

Neste último adeus tocaria mais uma vez, exaltando o murchar de um belo lírio. Pegou então, o case no chão, retirando dele um majestoso cello. Sentou-se no leito gélido de mármore, apoiando no chão o espigão, amparando com firmeza entre os joelhos, sustentando a pestana sobre o ombro esquerdo, segurava o arco com suavidade pelos dedos da mão direita. Respirou profundamente e interpretou a sonata solo da sinfonia nº40 de Mozart, a musica em si não tinha nada de elegante, muito menos havia graciosidade, mas exprimia um grande sentimento de angústia. A música fluía como uma onda, atravessava a noite em soluços amargurados. E finalmente, em favor de sua última despedida, ao fim daquela tênue melodia a derradeira vela do antigo mausoléu brilhou com mais força e apagou-se...


Lucy - 07/05/06.

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